Não é a morte que me assusta. É o que fica por viver, que me atormenta. E o que não chego a dizer ou a fazer. Não é o ficar imóvel dentro duma caixa, o resto da vida. Ou reduzida a cinzas. É a falta de sentir o sangue a correr nas minhas veias e as palavras a saírem dos meus lábios. Não é o ficar dormente até doer, suster o ar dentro do peito e parar para sempre o pensamento. É não conseguir verbalizar o que sinto, nunca mais. Não poder mexer os braços para um abraço. Querer sorrir ou chorar e os músculos da minha cara não responderem.
Não é deixar de existir que me dá pena. É não poder ser mais âncora e farol. Não ter respostas, não ter mais dúvidas. Não ser o colo e a consciência.
Sei que morrer é apenas deixar de ser visto. De ser sentido, também. Não é a morte que me perturba. É o luto que farei depois. Que farás sem mim, então. É a falta que a minha vida me vai fazer. Que teimosia esta de querer ser imortal...
terça-feira, 29 de setembro de 2015
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