A vida são ondas. Ondas suaves, que afagam a areia, sem chegar a molhá-la. Essas são as que nos fazem sorrir porque quase nunca nos perturbam. São frias ou frescas, conforme a estação do ano, são mimos que a vida nos dá. São carícias...
Outras são fortes, chegam zangadas, ouvem-se ao longe. Lançam-se sobre a praia, atiram-se contra as rochas, viram a nossa vida do avesso. Irremediavelmente, quase sempre. Fatalmente, para sempre.  No rescaldo, já depois do temporal, nada fica na mesma. Por mais que procuremos, por mais que nos tentemos iludir, tudo é novo e diferente.
A vida são ondas. E marés. E eu sou a espuma, ou a areia, ou o vento. Algumas vezes a rocha. Outras, a calmaria que fica depois da tempestade.