domingo, 14 de dezembro de 2014

Qual é o espaço que se deve dar a um filho?  O do coração, invisível, imenso e infinito?  O do útero, íntimo e aconchegante?  O do pensamento?  O da vida?  O de toda a nossa vida?
Quando nasceste, olhei para ti e achei que eras só minha.  Tinhas sido feita nesta imensa fábrica que é o meu corpo.  Naqueles nove meses que antecederam esse momento e em todos os outros em que te desejei, todas as minhas energias estavam concentradas em ti.  Ainda não te conhecia e já dava a minha vida por ti.  Ainda não te sentia e já falava contigo todos os dias, como ainda hoje fazemos. 
Quando te deitaram no meu colo, achei-te tão frágil que tive medo que me escorregasses das mãos.   Naquele momento, senti-me mais pequena do que alguma vez antes.  Olhava para ti e pensava se tu existias mesmo ou se eras fruto do meu desejo.  Como é que eu, que nem sei desenhar, tinha conseguido fazer-te assim, tão perfeita.  Passava horas a olhar-te, a olhar-me através de ti, crescemos juntas todos os dias, desde aí.  Eu, a mãe, a que não sabia nada, a que só admirava o milagre que tinha no colo.  Tu, a filha, meio metro de gente a tomares conta da minha vida para sempre.  E a ensinares-me tudo o que eu ainda não sabia.  Como ainda agora acontece tantas vezes...
Hoje já não te acho tão pequena.  Continuas a ser a minha "mini", isso serás sempre.  Mãe é mesmo assim, tens de ter paciência... 
Qual é o espaço que devemos dar a um filho?  Todo!  O que temos e o que somos capazes de ter e nem sabíamos.  Porque um filho faz-nos sair de nós, exceder-nos a nós próprios.  Faz-nos sentir pequenos perante ele, torna-nos gigantes por causa dele, transforma-nos em seres capazes de fazer milagres.  E ficamos o resto da vida a admirá-los e a pensar como foi que um dia fizemos isto... 
Parabéns minha filha!
Como se mede a saudade?  
Em suspiros?  Em lágrimas? 
Eu prefiro medi-la em palavras, em telefonemas, em mensagens...
Em pensamentos, também. 
Porque de cada vez que penso em ti, eu estou contigo a abraçar-te. 
E de todas as vezes que me ligas "só para saberes se estou bem", as minhas mãos seguram as tuas e os teus lábios deixam um beijo no meu rosto.  Que eu sinto, palavra que sim!