domingo, 31 de maio de 2015

Para memória futura. 
Para que nunca me esqueça.
Porque é importante que recorde, sempre, de onde venho.  E porque só assim saberei para onde ir.
Porque a minha memória é a minha casa.  É como um tapete onde ando descalça.  E as lembranças, essas, são pedaços de algodão sobre ele, que tento agarrar com os dedos dos pés, enquanto as percorro.
Para que conste.  Sempre.
Porque só quem respeita o passado, pode sonhar com o amanhã. E compreender melhor o hoje.
Saudosista?  Eu?  Claro que sim!  Tenho tanto para lembrar!  Uma mão cheia de histórias.  E um punhado de sonhos.
Porque também sei que já tenho mais passado que futuro.  Mais ontem que amanhã.  E o hoje, que é só meu.
Para memória futura. 
Para que conste...
(Lourenço Marques, 1973)

Há pessoas de quem é fácil gostar.  Pela simplicidade que as cobre.  Pela serenidade da voz.  Pela tranquilidade dos gestos.
Há pessoas que me fazem falta, mesmo quando estão.  E de quem sinto saudades, sempre.
Há pessoas que ocupam o meu pensamento por mais de um instante.  Por muitos momentos.  Que duram o tempo do resto da vida.
Há pessoas que são a minha casa.  Com todas as portas e janelas, com recantos coloridos, com luz e música no ar.  Por vezes, também com as cortinas fechadas, quando não me apetece olhar o mundo lá fora.
Há pessoas que só por pensar nelas, o meu dia já fica mais feliz.  E eu fico bem, só por ouvir a sua voz.
Há pessoas que são o pedaço de que preciso para ser um todo.  Nunca me sobram...
Há pessoas que seguram comigo o meu mundo. 
Há pessoas que são colo, abraço, conforto..  Que esperam por mim,.   Que entendem os meus silêncios, que não questionam as minhas lágrimas. 
Há pessoas que acalmam a minha tempestade e me fazem sentir protegida.  E, no final, riem comigo, de mim mesma.
Há pessoas que são tudo para mim.  
Que sorte eu tenho em as ter na minha vida!

Agora dava-te um beijo por todas as noites que me fizeste levantar em sobressalto e ficar a olha-te e a ver a febre descer.
E por todas as vezes que te peguei ao colo para sossegares.
Por todas aquelas em que tive de trocar a roupa depois de te dar de comer.  A minha e a tua roupa.
Pelas várias vezes em que deixei de sair por tua causa.   Ou de ler.  E de ver o filme que estava a dar no momento
Por todos os planos que alterei, em cima da hora, por tu estares doente.  Ou indisposta.  Ou por teres uma festa de anos a que não querias faltar.  E a minha vida seguia, depois.
Por todas as conversas que não consegui acabar porque tu choravas e eu tinha que ir.
E por todas as outras vezes em que interrompeste o meu jantar, o meu sono, o meu pensamento...
Agora dava-te um beijo.  E fazia tudo outra vez...

Porque é que o amor acaba?  Porque está vivo.  Porque está atento.  Porque não se resigna com a rotina.
Acaba porque não tem meias medidas.  Ou é inteiro ou então não vale a pena.  Não cabe lá...
Acaba porque não se contenta com paninhos quentes, com mais ou menos, com "vamos indo"...  Ou é para valer ou, então, dane-se!
Amor não rima com controle, com cenas de ciúme, com suspeitas.  Tem sempre de se conjugar com confiança, com partilha.  Com liberdade, também.  E com muita generosidade...
Se assim não for, é quase um contrato laboral.  Está porque tem de estar, com tarefas a cumprir, com rotinas e horários.  Porque tem de ser!
O amor só quer ser cativo, se for livre.  Se for solto.  Se for maior.  Dependências nunca!
O meu amor não vive sem o teu, claro, enquanto o teu o fizer sentir completo.  Enquanto um for a respiração do outro.  O eco, o espelho, o que lhe quiseres chamar...
Senão é um embuste.  É uma amizadezinha colorida ou, como lhe chamam, um flirt, uma curte.  Uma merda, portanto!
Senão, é como dizemos por vezes no final dos jogos do Benfica "estivemos quase lá!"...