quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Não precisas de ligar.  A sério!  Não necessitas de pegar na treta do telemóvel e marcar um numero para ouvires a minha voz. 
Nem de te cansares a procurar os algarismos e a entrar na linha que te transporta para dentro do meu ouvido.  A sério! 
Eu estou bem.  Eu estou tão tranquila que até nem me lembro de sentir a falta da tua voz.  Quem diria, não é?  Eu que vivia suspensa naquele momento em que o telefone tocava e o mundo parava para te atender.  Eu que escolhia ficar em casa, sozinha, esperando que a tua companhia chegasse na forma de um som.  E que, depois de desligarmos, ficava a sentir o eco as tuas palavras dentro da minha alma.  Adoro-te.  Adooro-te.  Adoooro-te.  E uma vez mais, noite dentro.
Agora (a sério!) não te preocupes comigo.  Eu já estou habituada a perguntar e a responder-me de seguida.  A olhar no espelho e a ver a minha imagem sem a moldura da tua sombra por trás.  Desabituei-me de te ter.   É um risco que todos corremos.
Não precisas de ligar.  Nunca mais.  Até porque eu já não preciso de te ouvir.  A tua voz deixou de ser a tal para mim.  E, acredita, o mundo já nem pára quando me parece ouvir o telefone a tocar.