quinta-feira, 5 de março de 2015

O que se diz a um amigo que está a morrer?  Que tenha força?  Que tenha fé? 
Dizemos-lhe que, se pudéssemos, trocaríamos a nossa vida pela dele?  Que a morte é um desperdício?  Que o mundo vai ficar mais pequeno por ele ir embora?
Que nunca mais nada vai ser como dantes, como ainda agora, no tempo em que a presença dele é muito mais do que apenas uma lembrança?
Dizemos-lhe que ainda o sentimos aqui e que já morremos de saudades?
Conseguimos dizer-lhe tudo isto?   Pensamos... mas não sai nenhum som da nossa boca.
O que é que contamos sobre um amigo que acabou de morrer?
Que tudo isto é uma grande injustiça.  Uma merda, mesmo!  Que não está certo ele partir tão cedo e deixar a mulher, os filhos, a família e os amigos mais pobres, mais tristes, infinitamente mas sozinhos...
Por duas vezes fomos colegas de trabalho em empresas diferentes,  No entretanto, sofremos com as dores um do outro, eu com a tua doença, tu com o meu desemprego.  Amigo é mesmo assim, pode não estar sempre, mas está lá.  É assim que funciona isto. 
Na semana passada, acabaste o telefonema a dizer-me que me ias mandar um pouco de calor para aquecer o frio de que me queixava. Hoje, meu amigo, o meu coração gelou ao ouvir a noticia da tua morte...

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