domingo, 25 de janeiro de 2015

Esta semana recebi um telefonema interessante.  Que me fez voltar atrás no tempo, aos dias em que o meu salário vinha com mais zeros no final de cada mês.  Que chegava para a minha casa e para outras casas que precisavam de apoio.  Que me podia dar ao luxo de dar, sem me fazer falta.  Que entre um pedido de ajuda e a compra de uns sapatos novos, eu optava sempre pela primeira escolha, sem pensar duas vezes.  Os sapatos chegariam depois, isso era sempre certo.
Esta semana recebi um telefonema da Unicef.  Estranhei.  De início pensei até que seria um qualquer questionário estatístico, mas logo vi que me tinha enganado.  Queriam saber porque motivo eu, que sempre os tinha ajudado durante tanto tempo, deixara de aparecer em forma de cheque.  Ou de transferência bancária.  
Esta semana fiquei, uma vez mais, admirada com as pessoas.  E com as instituições.  Ainda respondi à menina que a minha vida tinha mudado um pouco (muito!!!) e que tinha deixado de poder ajudar.  Pelo menos da forma que o fazia antes.  
Esta semana voltei a lembrar-me das palavras de Augusto Gil  - "(...) Mas as crianças, Senhor, porque lhes dais tanta dor?  Porque padecem assim?" 
E pensei, de mim para mim, que até hoje nunca recebi nenhum telefonema da Unicef a agradecer o meu apoio...

Sem comentários:

Enviar um comentário