Quantas vezes temos o direito de errar no mesmo percurso?
Uma? E dizemos que "errar é humano..." ?
Duas? E pensamos que talvez andemos distraídos?
Diversas? E desculpamo-nos com "só não erra quem não vive"?
Sempre? Então aí começamos a duvidar da nossa sorte... e, em jeito de consolo, acabamos por perceber que, na maior parte das vezes, o lado errado é o nos leva para o outro, o que está certo. Pode demorar mais tempo, dar mais trabalho, quase dar vontade de desistir, mas acabamos por chegar lá. Ao lado certo, ao que naquele momento nos parece perfeito. E isso é que é valioso para mim. Tudo o mais são preconceitos antigos que nos castram e não nos deixam respirar.
Tenho para mim que a obsessão pelo perfeccionismo é um erro tão grande quanto o culto pelo desmazelo. A radicalização de conceitos e a intolerância só nos afastam dos outros, só nos fecham dentro de nós. De nada nos serve buscarmos apenas a perfeição quando, pelo caminho, vamos deixando de lado tantos momentos que são tão preciosos. É quase como se apenas quiséssemos o brilho e acabássemos por ficar encadeados por ele sem conseguir ver mais nada em volta. A sombra faz também parte da vida, se ela não existisse como reconheceríamos a importância da luz?
Eu acredito que só por ter conhecido o erro é que descobri a sorte que tenho em ter encontrado o caminho certo. O que me encanta.
Não há nada melhor do que o conforto de saber que posso enganar-me e voltar ao início, à casa da partida como no jogo da Gloria.
Claro que há situações irreversíveis. Erros fatais que deixam de lado qualquer hipótese de remediar, mas aí é como perder um ano na escola. Se calhar até o podería ter evitado, certamente até deveria tê-lo feito, mas de nada serve insistir em fazer uma autópsia ao passado quando o tempo já é pouco e o caminho manda seguir...
Quantos erros tenho eu ainda no meu caminho? E quando esgotar o plafond, como é que eu vou saber o bom que é chegar ao lado certo?
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