sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Quantas vezes temos o direito de errar no mesmo percurso? 
Uma?  E dizemos que "errar é humano..." ?
Duas? E pensamos que talvez andemos distraídos?
Diversas?  E desculpamo-nos com "só não erra quem não vive"?
Sempre?  Então aí começamos a duvidar da nossa sorte... e, em jeito de consolo, acabamos por perceber que, na maior parte das vezes, o lado errado é o nos leva para o outro, o que está certo.  Pode demorar mais tempo, dar mais trabalho, quase dar vontade de desistir, mas acabamos por chegar lá.   Ao lado certo, ao que naquele momento nos parece perfeito.  E isso é que é valioso para mim.  Tudo o mais são preconceitos antigos que nos castram e não nos deixam respirar. 
Tenho para mim que a obsessão pelo perfeccionismo é um erro tão grande quanto o culto pelo desmazelo.  A radicalização de conceitos e a intolerância só nos afastam dos outros, só nos fecham dentro de nós.  De nada nos serve buscarmos apenas a perfeição quando, pelo caminho, vamos deixando de lado tantos momentos que são tão preciosos.  É quase como se apenas quiséssemos o brilho e acabássemos por ficar encadeados por ele sem conseguir ver mais nada em volta.  A sombra faz também parte da vida, se ela não existisse como reconheceríamos a importância da luz?  
Eu acredito que só por ter conhecido o erro é que descobri a sorte que tenho em ter encontrado o caminho certo.  O que me encanta.
Não há nada melhor do que o conforto de saber que posso enganar-me e voltar ao início, à casa da partida como no jogo da Gloria. 
Claro que há situações irreversíveis.  Erros fatais que deixam de lado qualquer hipótese de remediar, mas aí é como perder um ano na escola.  Se calhar até o podería ter evitado, certamente até deveria tê-lo feito, mas de nada serve insistir em fazer uma autópsia ao passado quando o tempo já é pouco e o caminho manda seguir...
Quantos erros tenho eu ainda no meu caminho?  E quando esgotar o plafond, como é que eu vou saber o bom que é chegar ao lado certo?

Sem comentários:

Enviar um comentário