quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Não percebi!  Dizias que me amavas, que não te saía do pensamento, que era tudo para ti e depois isto?  Dizias que só querias dar-me a mão e guardar-me no teu bolso para toda a eternidade e agora isto?  Na tua imaginação íamos ficar juntos para sempre, para muito além desse sempre que não tem fim, e então?  Na tua boca o caminho nos próximos anos seria feito lado a lado, a minha mão dentro da tua, o meu coração colado ao teu, e...?
Olhaste para o lado e, num momento, tudo mudou.  Deixei de ser o teu ideal de mulher, fiquei reduzida a cinzas, abriste as mãos e deixaste-me ir...  e ainda te vejo a sacudi-las para limpar restos que pudessem ter ficado nelas.
A partir daí e durante muito tempo eu nem consegui voltar a mim.  Fiquei atordoada, como num pesadelo, como dentro de um vulcão adormecido.  Deixei de sentir-me, fiquei com o corpo cansado, com a alma dormente.  A partir daí e para o resto da vida, fiquei descrente, insegura e triste, imensamente triste.  
Cada noite era um pesadelo porque o sono tardava a chegar e, quando finalmente adormecia, era sempre contigo que ocupava os meus sonhos.  Contigo e com o quase futuro que íamos ter.  Pela manhã, cansada, continuava a ter por companhia a tua imagem, que dançava à minha frente sem cessar.  Era a tua voz que eu ouvia noutras vozes.  E o teu olhar quando, por acaso, pousava os meus olhos em outros que encontrava no caminho.   Foste a minha alegria, o meu vício, o ar que eu respirava.  És as minhas lágrimas, a minha dor...
Um dia perceberei que já não estou doente.  Nesse dia, ainda não estarei curada mas a tua presença já não me fará falta.  Tanta falta... e então, quando acordar, já não será em ti que eu pensarei, será comigo que eu acordarei no pensamento.  Comigo e com o lugar vazio que tu ocupavas dentro de mim e que então me pertencerá por inteiro.  Nele caberá a memória do que tivemos juntos, as lágrimas que me fizeste chorar, a saudade que me fazes ainda agora sentir. 
Um dia sei que conseguirei suportar melhor o que aconteceu.  Um dia, que ainda não é hoje...
O que não conseguirei nunca entender é como é que tu, tão pequeno, conseguiste ocupar um espaço imenso dentro de mim e fazer-me crer que eras a minha vida e o meu amor.  E eu deixei! Não percebo!

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