terça-feira, 3 de junho de 2014

Porque é que eu gosto tanto de ti?  Porque sim.  Porque saíste de mim, mas continuas a estar sempre cá dentro.  Porque foi contigo e por tua causa que o meu nome passou a chamar-se "mãe".  Porque ainda não chegavas à mesa e já dizias "a Rita ajuda".  Porque me fizeste voltar a gostar de brincar às bonecas, quase aos trinta anos.  Porque me ensinaste a trocar uma ida às compras por uma tarde num parque infantil.  E a não me importar com isso.  Porque me mostraste que a praia sem bronzeado também fazia sentido, quando era para ficar a apanhar conchinhas contigo.  Porque o sono - sim, o tal sono! - aprendeu a ficar desperto ao menor ruído que tu fizesses.  E a não reclamar por isso.  Porque me deixavas maravilhada com cada progresso teu.  Com o começar a andar aos dez meses, quando de repente te viraste e caminhaste na minha direcção.  Com as palavras que ias dizendo e as coisas, várias, que me querias sempre mostrar.  Porque dizias "oh mãe, a Rita gosta tanto de ti" e eu já não te conseguia ralhar.  Pela tua alegria, pela tua teimosia   Sim, pela tua teimosia, também.  Por nós.  Sempre juntas, sempre cúmplices, sempre... 
Porque é que eu não sei viver sem ti?  Porque não.  Porque me fizeste perceber que o amor não tem medida nem necessita de fazer sentido.  Porque aprendi contigo que se é bom, é sempre para repetir.  E, então, chegou ela para nos completar.  Para que a minha outra mão não ficasse mais tempo vazia.  Para te ensinar a partilhar.  A cuidar.  A competir, também.  E a mim, a amar mais, ainda.

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