Porque é que eu gosto tanto de ti? Porque sim. Porque saíste de mim, mas continuas a estar sempre cá dentro. Porque foi contigo e por tua causa que o meu nome passou a chamar-se "mãe". Porque ainda não chegavas à mesa e já dizias "a Rita ajuda". Porque me fizeste voltar a gostar de brincar às bonecas, quase aos trinta anos. Porque me ensinaste a trocar uma ida às compras por uma tarde num parque infantil. E a não me importar com isso. Porque me mostraste que a praia sem bronzeado também fazia sentido, quando era para ficar a apanhar conchinhas contigo. Porque o sono - sim, o tal sono! - aprendeu a ficar desperto ao menor ruído que tu fizesses. E a não reclamar por isso. Porque me deixavas maravilhada com cada progresso teu. Com o começar a andar aos dez meses, quando de repente te viraste e caminhaste na minha direcção. Com as palavras que ias dizendo e as coisas, várias, que me querias sempre mostrar. Porque dizias "oh mãe, a Rita gosta tanto de ti" e eu já não te conseguia ralhar. Pela tua alegria, pela tua teimosia Sim, pela tua teimosia, também. Por nós. Sempre juntas, sempre cúmplices, sempre...
Porque é que eu não sei viver sem ti? Porque não. Porque me fizeste perceber que o amor não tem medida nem necessita de fazer sentido. Porque aprendi contigo que se é bom, é sempre para repetir. E, então, chegou ela para nos completar. Para que a minha outra mão não ficasse mais tempo vazia. Para te ensinar a partilhar. A cuidar. A competir, também. E a mim, a amar mais, ainda.
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