domingo, 6 de abril de 2014

A casa.  A nossa casa.  A casa enche-se de vida quando tem a nossa vida dentro dela.  E fica vazia de todas as vezes que a metemos dentro de sacos e a transportamos connosco.  De todas as vezes que fechamos a porta pelo lado de fora e a deixamos habitada pelo silêncio.  É quando as paredes e as janelas deixam de reflectir a luz e o brilho e servem apenas para separar os quartos, cá dentro, e a rua, lá fora.  
Já tive muitas casas durante toda a minha vida.  De todas as vezes, sempre pensei que aquela seria a última.  Não por ter alguma coisa contra as mudanças, mas porque criar uma casa é colocar lá um pouco de nós, do nosso cheiro e da nossa alma.  E passa a ser o nosso ovo, o centro do nosso mundo.  Tudo o que acontece na nossa vida começa e acaba na casa.  Dentro dela, por causa dela.  De todas as vezes foi assim, sempre que mudei de casa.  De todas as vezes deixei um pouco de mim preso nas paredes, colado às janelas.  Suspenso do tecto, também.   
Mais uma vez tenho uma casa nova.   Numa cidade nova, numa vida nova.   Aos poucos vou-a sentindo a minha casa, o meu refúgio.  Vou colando às paredes um pouco da minha pele.  Olhando para os espelhos e gostando de me ver ali. Desta vez sei que é com prazo de validade, não me ocorre pensar que é a última.  O  único pensamento que tenho comigo é simples e claro como água - a minha casa será sempre o lugar onde tu estás... ♥

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