domingo, 27 de outubro de 2013

As aldeias de Deus...
 
De cada vez que me acontece voltar à infância, uma das memórias que sempre tenho é aquilo a que chamávamos brincar "às aldeias". Eu e a minha irmã Lena, um ano mais nova que eu, passávamos horas a fazer desenhos de pessoas, casas, carros, árvores, etc, que depois disponhamos em cima das nossas camas como se de uma verdadeira cidade se tratasse. Não faltava a igreja da Polana, a piscina do Clube Militar, a Mac-Mahon, o Liceu Salazar, o hospital, as principais ruas de LM, as palhotas ou o aeroporto... Eu, que nunca tive jeito para desenho, fazia os edifícios e os carros e deixava para ela os pais, os filhos, os avós e um ou outro artista de cinema ou da canção que nos tivesse "apaixonado". É verdade, também tínhamos concursos de misses e as habituais matinés de cinema ao domingo à tarde. As historias, essas, ficavam ao critério de cada uma, com finais felizes ou nem por isso, mas sempre apaixonantes... não me lembro de alguma vez termos desenhado prisões ou cemitérios, mas recordo que no hospital só aconteciam nascimentos...
De cada vez que volto à infância uma das memórias mais felizes que tenho é do tempo em que fazíamos de conta que éramos Deus... a vida de todas aquelas "pessoas" estava nas nossas mãos e todos eram felizes, com saúde, amigos, trabalho, dinheiro e, sobretudo, muita segurança.
Agora que já sou mais crescida, percebo que tivemos mais facilidades - de cada vez que não ficava bem à primeira voltávamos a desenhar de novo.  Porque será que a Deus não foi dada essa hipótese? Se pudesse de novo "brincar as aldeias" juro que Lhe daria muito mais que sete dias para criar o universo... e como naquele tempo não havia ainda computadores com a tecla "delete" dava-lhe um pau de giz colorido e um apagador, não fosse ele precisar...

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