Definitivamente perdemos a capacidade de saber esperar. De saborear o entretanto. O devagar.
Deixámos de conseguir construir castelos no ar como dantes, no tempo que decorria entre o envio de uma carta e a sua resposta. Desaprendemos de imaginar cenários, de sonhar com frases e sorrisos, de acalentar ilusões. De cultivar a espera.
Hoje queremos tudo imediato. As perguntas, as respostas, os objectos, o final. Tempos houve em que sonhávamos com o início de uma história. Levávamos dias a construi-la em pensamento. Hoje só queremos que aconteça. Estamos sempre a olhar para o relógio, medindo o tempo que passa. Engolimos os dias à espera do fim de semana, sabemos de cor o que falta para o fim do mês. Perdemos a capacidade de ter paciência. Se não for agora, já não serve. Tem de ser já! Deixámos de saber o que fazer com o tempo que acontece entretanto. Fica-nos a sobrar. Perdemos tanto, entretanto...
Hoje sinto que temos cada vez menos. Tentamos saber tudo, controlar todos os passos, a vida passou a ser quase um déjà-vú - acabou o efeito da surpresa, do deixa acontecer...
Tudo o que demora passou a ser uma seca. Torna-nos impacientes. Achamos que estamos a perder tempo quando, no fundo, estamos apenas a desperdiçar tudo o que acontece enquanto nada se passa.
"Deixa que a vida te surpreenda, acredita que ela está sempre certa" (esta continua a ser uma das minhas máximas preferidas)
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