sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Quase todos os dias passo por ela.  Pela rapariga que espera junto à esquina.  Acontece, nesses dias, encontrarmos-nos no mesmo momento, no mesmo lugar.  Cada uma no seu destino.  Eu caminhando apressada no meu regresso a casa onde a vida me espera.  Ela parada na esquina, quem sabe esperando que a vida a venha buscar.
No outro dia sorri-lhe.  Ainda vinha longe e já sentia os seus olhos a observar-me, como acontece quase sempre.  Parecia que me estava a medir, a calcular a velocidade dos meus passos, a ondulação que o vento provocava no meu cabelo, a forma como eu apertava o casaco para escapar ao frio.  Ela não correspondeu ao meu cumprimento.  Continuava a olhar-me, mas como se eu não existisse.  Como se visse através de mim.
Porque espera todos os dias naquele local?  Por quem espera?  
Ao longe parece jovem, mais perto percebo que já não é tão nova assim.  Nota-se que o tempo passou por ela, enquanto esteve parada naquela esquina, esperando...
Um destes dias vou meter conversa com ela.  Tentar, pelo menos.  Ao fim e ao cabo, o nosso tempo é o mesmo tempo e, quem sabe, talvez possamos esperar juntas ou caminhar lado a lado tornando essa espera mais fácil...

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