Hoje o tema é a alegria. Não aquela alegria que nos faz rir até quase sufocarmos. Nem a outra a que, só por si, consegue esfumar a tristeza e a amargura das coisas num piscar de olhos. Mas antes esta, a alegria serena que está no saber apreciar a vida todos os dias, ainda que chova, ainda que faça frio, ainda que saiba a pouco. A alegria que está na conquista das coisas, uma a uma, no percurso que é feito até lá chegar. Não apenas no resultado final.
Sei que é o caminho que percorremos que nos deixa alegres ou nem por isso, sei também que nem sempre é fácil, umas vezes a estrada é longa e sinuosa, outras vezes o perigo espreita ao virar de uma esquina. Descobri que é urgente estarmos atentos porque o tempo escasseia e poucos, muito poucos, conseguem corrigir a rota e começar de novo. E eu, que tenho tido esse privilégio no meu caminho, sei bem o que isso é. O começar de novo. Porque de todas as vezes que tive que mudar de rota, consegui que a alegria suplantasse a tristeza e o desalento e parti para a nova etapa da viagem com a cabeça limpa. E o coração aberto. Tantas vezes aconteceu. Mesmo quando quase estive do outro lado da vida e me foi permitido regressar, o que ficou de toda essa experiência foi uma imensa alegria. E uma profunda gratidão por mais uma oportunidade.
Esta forma de alegria, serena e leve, até pode quase passar despercebida. Ou ser desinteressante para algumas pessoas, que preferem o lado extasiante da gargalhada à discrição do sorriso. Eu prefiro este último, sem dúvida.
Qualquer uma das outras formas pode ser intensa e arrebatadora, mas corre o risco de ser efémera, durar não mais que um momento. Enquanto que esta alegria é adulta e consciente, vive connosco, cria raízes e, quando nos apercebemos, toma conta dos nossos dias e faz-nos sentir que tudo isto vale mesmo a pena...
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