Às vezes acontece-me ter dúvidas. Daquelas que nenhuma enciclopédia tem a resposta. Nem mesmo aquelas pessoas que sabem sempre tudo.
Às vezes não sei se fiz bem quando te contei a verdade. Quando quis ser fiel a mim própria antes de querer não te magoar. Porque a minha obsessão pela verdade foi maior do que o cuidado que tu me merecias. Porque isso te fez sofrer. Porque partiste tranquila e conformada, mas triste. Porque me agradeceste pela suavidade com que te contei a verdade, mas sei que trocarias a tua vida para que isso não tivesse acontecido. Perguntaste se eu sabia e fizeste-me prometer que te contaria a verdade. Não me deste tempo para pensar. A opção de te mentir e de viver o resto da vida com isso parecia-me insuportável. Decidi contar-te o que sabia. Desse por onde desse, também não tinha outra escolha, não é verdade?
Contrariamente a tudo o que esperavas, ele tinha mesmo outra mulher. Alguém muito próximo de ti, alguém que lhe lembrava que a vida estava ali, que ainda existiam sorrisos e sonhos, gargalhadas e promessas. Para além da tua doença, para além da tua morte. Alguém que não te contaria nunca esta verdade, apenas para não te sentir a sofrer.
Às vezes acontece-me ter dúvidas. E de todas as vezes que ele pronuncia o meu nome quando me está a amar, eu sinto que os seus olhos apenas veem o teu rosto e não o meu. E no meio de tantas dúvidas que me assaltam, essa é a minha maior certeza...
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