domingo, 13 de abril de 2014

Não se vê a rua do lugar onde trabalho.  A janela é longe e está fora do meu campo de visão.  À minha frente tenho uma parede onde está um desenho do mapa mundo e o meu pc.  Em ambos e com ambos posso viajar mentalmente.  Sem sair daqui, consigo chegar a destinos tão longínquos como uma praia na Austrália ou um restaurante em Macau.  Imaginar-me em Nova Iorque ou em Paris, sentar-me numa esplanada na margem do Sena ou subir à Torre Eiffel.  Visitar museus e galerias de arte ou, até mesmo, passear num qualquer jardim da cidade.  Eu posso.  Mas não quero.  Falta-me o cheiro, o vento na cara, o barulho da rua.  Falta-me as vozes dos transeuntes, o assobio do rapaz à rapariga que ali vai e que me lembra as minhas filhas.  Falta-me o ar frio nas mãos e a senhora a quem pergunto uma morada.  Falta-me gente à minha volta.  Sobra-me conforto e espaço.  E tempo.  E saudades.

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