domingo, 30 de março de 2014

Temos sempre motivos para ter saudades.
Do filho que partiu cedo demais e deixou vazio o espaço em casa e no coração.
Do irmão com quem partilhámos o quarto e as brincadeiras e com quem deixámos, há muito, de dividir os dias e as conversas.
Do amigo de infância que a vida levou para outros lugares.
Dos dias quentes na piscina, das matinés ao domingo à tarde.
Das avenidas largas e das casas com jardim, do tempo em que tinhamos tempo de desfrutar.
Das férias grandes de verão na praia em que as horas ao sol eram a única actividade.
De outras férias, também na praia, quando as brincadeiras e os banhos com os filhos eram muito mais importantes que qualquer bronzeado uniforme.
Da nossa casa e do sofá.
Das conversas à mesa e das viagens de carro enquanto se revia a matéria do teste que ia acontecer a seguir.
Das horas de espera na pediatra e, depois, dentro da consulta onde o crescimento e o peso eram registados sempre em par.
Das idas às compras a três, de vestir e despir todas as vezes que nos apetecia. 
Dos dias em que os beijos de bom dia e de boa noite eram sentidos na minha face.
Da casa de Coimbra, das casas de férias, de todas as casas que ficaram dentro das nossas memórias.
De tudo isto e de tanta coisa mais...  
Só temos saudades do que tivémos, do que vivemos, de quem amámos, de quem amamos...
E eu, para quem o passado tem já mais tempo que o futuro, sei que sou abençoada por  poder sentir saudades.

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