sábado, 8 de março de 2014

Lisboa. A minha cidade. Uma das minhas cidades.  Onde vivo e onde estão dois dos meus amores maiores, as minhas filhas.  Onde é a minha casa.  E me sinto em casa. Gosto dela de uma forma narcisista.  De uma forma desinteressada. Porque é um pouco a minha cara, porque fazemos parte da vida uma da outra desde há muito tempo, porque tem sido o meu caminho.  Pela luz, pelo espaço.  Pelas avenidas largas. Pelos prédios.  Pelos jardins e pelas esplanadas. Pelo rio, sim, pelos passeios à beira rio.  Por não ser grande demais que me faça sentir perdida.  Por ter o tamanho certo.  Por ter tudo o que preciso.  Ou quase.  Também tem buracos nas ruas e pedintes a dormir nos passeios.  Tem prédios abandonados e lojas fechadas com letreiros nas montras.  "Trespassa-se", lê-se.  Por vezes também "fechado".  E quando páro num cruzamento com o sinal vermelho, é rara a vez que não tenho de dizer não a uma esmola.  Ou recusar comprar a Cais ou o Borda d'Àgua. Tem pessoas isoladas que são como ilhas.  De quem ninguém cuida.  E que morrem sozinhas tendo o resto do mundo como vizinho.
Lisboa é como eu.  Não é perfeita.  Nem perto disso.  Mas não vivo sem ela.  Como não vivo sem mim...

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