Era uma vez uma história. Daquelas onde apetece entrar e ficar lá dentro para sempre. Das que apetece atrasar o final, segurar o tempo com as mãos e não o deixar passar.
Ela viveu uma história assim. Foi protagonista daquilo a que chamam uma "love story" - a sua história de amor. Conheceu-o aos quinze anos, num tempo em que não era permitido à maior parte das mulheres fazer escolhas, numa altura em que qualquer passo mal dado poderia comprometer-lhe irremediavelmente o futuro. Desde o início, ela soube logo que era com ele que ia querer fazer o resto do caminho. Que ia querer viver o resto da vida. Ou então ficaria sozinha para sempre. Antes mesmo de saber que ele queria o mesmo. Conheceram-se e isso foi o suficiente para deixar para trás a esperança dos poucos rapazes com quem tinha convivido até ali. Até mesmo do filho daquele amigo do pai que já se imaginava casado com ela. A atração foi mútua como se um íman os aproximasse, como se não houvesse mais vida se não estivessem juntos. O mundo parava quando se separavam e só retomava o ritmo quando se voltavam a ver. Depois de alguns anos de espera, que lhes pareceram intermináveis, conseguiram finalmente casar e perceber que mais do que viver juntos, eles queriam ser juntos. Passaram a ser um só, misturaram os dias, as vidas, os projectos, o futuro. Passaram a ser a vida um do outro e, nem mesmo a noticia de que não poderiam ter filhos, fez vacilar aquela união. Eram o exemplo para todos os demais, vivam a história que os outros queriam ter tido para si próprios. E que durou cinquenta anos, até ontem. Ou melhor, eles continuam juntos na sua história porque, depois do acidente que os vitimou, há quem diga que foram encontrados de mãos dadas. E que sorriam... Mas isso acredito que seja exagero de quem conta a história.
Há historias que valem a pena. Que queremos para nós. E que nos fazem querer esquecer como se pronuncia a palavra "fim"!
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