quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

No final de uma viagem e no início de outra...
Encostada ao balcão, ouvi-a dizer com uma voz clara, "quero um café sem princípio, em chávena escaldada, por favor". A sério? Sem princípio? O que é isso? Fiquei a pensar naquela frase, a tentar perceber como existe uma coisa sem o seu começo? Sem aquilo que é a origem de tudo? Como se eu quisesse ser eu mesma sem o meu nascimento. Que está bem documentado, portanto existiu. Ou a minha história de amor sem o seu início. Que eu nem sei bem quando foi, mas de certeza que existiu esse momento. E que se prolonga todos os dias, todos os momentos, como se eu ainda lá estivesse no primeiro minuto, na novidade, na descoberta? 
Qual é o interesse de uma história sem o "era uma vez"? Tudo o resto até pode ser empolgante ou monótono ou até mesmo chato. Podemos morrer de tédio ou desejar que a história não tenha fim. Podemos esquecê-la a seguir ou recordá-la para sempre, fazer dela a nossa inspiração. Podemos gostar do final ou ainda não o ter vivido. Mas o começo? Todos os começos têm sempre que existir, são insubstituíveis, mesmo! 
"Quero um café que comece a meio" ou "quero uma história sem as primeira frases"...? Não, não quero nada disso para mim. Quero uma história que tenha um começo que eu possa recordar quantas vezes quiser e que não tenha final. Esse, o fim, é que pode ser adiado. Até porque já li algures que o final de uma coisa é sempre o início de outra e estou de acordo. Completamente de acordo. Assim, o final não acaba nunca, apenas se transforma em algo novo. Para começar, outra vez...

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