É mesmo estranha esta coisa de gostar. Estranha e perigosa, porque se entranha na nossa pele e nos vicia. Deixa-nos cativos, presos para sempre e ocupa toda a nossa vida, desde que a conhecemos.
Os primeiros amores que temos são os nossos pais. Estamos cá por causa deles, não vivíamos sem eles. Depois chegam os irmãos e os primeiros amigos da escola, que crescem connosco e nos ensinam a gostar de crescer. Mais tarde, na adolescência, gostamos de um outro amor que desperta em nós aquelas emoções que só sabíamos dos livros e dos filmes. E que se tornam subitamente uma adição. E que passam a ser inesquecíveis. Porque vivemos para elas e por causa delas. A partir daí a nossa vida faz-se de gostar. Só de gostar. Esse amor, que chamamos de "primeiro amor", destrona todos os outros de repente, sem avisar, e ocupa-nos por inteiro.
Nada mais é igual. Nada mais terá o mesmo sabor, a partir daí. O caminho para a escola, igual ao já feito centenas de vezes, é novidade na companhia dele. Dentro da mão dele descobrimos que a nossa pele também se habitua a gostar. E que já não sabe mais viver sem isso. Dentro do abraço dele entendemos a razão porque gostamos do silencio, porque as musicas românticas nos tocam, porque precisamos da boca dele para completar o nosso pensamento. A vida passa a ser gostosa, gostamos de ser viciados nisso. Até um dia.
Um dia ele vai - ou ela - e fica apenas essa coisa vazia que é gostar. Que tentamos encher com tudo o que nos aparece pela frente, até fechamos os olhos e deixamos de pensar, mas acontece como com as bolas de sabão, rebentam ao toque. Nada mais é igual, outra vez. Só essa mania teimosa de gostar, que não nos deixa. E as lembranças que gostamos de manter vivas cá dentro. Estranha coisa essa de gostar.
Por vezes penso "morro se parar de respirar durante um tempo?", por vezes tenho a certeza que não viverei mais se apenas parar de gostar. Há quem goste tanto dos outros que se esquece de gostar de si e fica só quando eles partem, há quem goste tanto de si mesmo que nem repara que já está só há muito tempo. Eu gosto, gostei sempre e nem imagino a minha vida sem isso. Se bem que por vezes não é fácil viver com esse sentimento. Ou sem ele.
Por vezes penso "morro se parar de respirar durante um tempo?", por vezes tenho a certeza que não viverei mais se apenas parar de gostar. Há quem goste tanto dos outros que se esquece de gostar de si e fica só quando eles partem, há quem goste tanto de si mesmo que nem repara que já está só há muito tempo. Eu gosto, gostei sempre e nem imagino a minha vida sem isso. Se bem que por vezes não é fácil viver com esse sentimento. Ou sem ele.
Mesmo irónica essa coisa de gostar. Mas viciante, não tenho dúvidas...
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