terça-feira, 5 de novembro de 2013

Diário de uma Voluntária 26/09/2013

Nos últimos tempos a vida tem-me ensinado a dar valor a muita coisa. E a desvalorizar outra tanta. 
Os meus passos, por exemplo, tão apressados outrora, sempre à velocidade do muito que tinha para fazer, são agora mais tranquilos, mais seguros, mais harmoniosos. Com o mesmo cuidado com que dou passos pelos outros, quando levo alguém pelo braço, quando empurro alguém numa cadeira de rodas. 
Hoje de manhã, constatei, uma vez mais, que podemos aprender tudo em qualquer idade. Em várias idades. Aliás, podemos ir aprendendo e reaprendendo ao longo da vida. Quando em criança damos os primeiros passos pela mão dos nossos pais, não imaginamos que podemos ter de o aprender de novo mais tarde. Por outras mãos. Com a mesma dificuldade de quem está a fazê-lo pela primeira vez. 
Hoje, vi alguém com mais de setenta anos, ser ensinado a andar por uma terapeuta. Devagar, com cuidado, um pé atrás do outro. Com os mesmos passos curtos e inseguros dos primeiros anos. Com o mesmo objectivo de, um dia mais tarde, poder andar sozinho, sem ajudas. Tudo igual, repetido. Com a diferença de que, desta vez, o caminho a percorrer será mais curto, mais cansativo, menos arrojado.
Esta manhã, eu dei os primeiros passos mentalmente, com aquele utente. E fiquei a pensar se no caminho que ainda tenho à minha frente, alguma vez mais terei de aprender a andar...

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