quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Diário de uma Voluntária 08/10/2013


Se eu pudesse, levava comigo um bocadinho de dor quando me vou embora. Trocava-a pela alegria que lhes trago e, ao sair, levava comigo um pedaço da dor que com eles se levanta todos os dias. Não há fisioterapia, massagens ou comprimidos que aliviem a dor que nasce dentro, devagarinho, e que vai crescendo até ficar com corpo e os cobrir como uma segunda pele. É disso que se queixam quando é hora de lamentos. Quando, depois de responderem ao meu cumprimento, se lembram deles próprios e deitam cá para fora a dor que trazem dentro. Não há nada a fazer. Podemos trocar os pés pelas mãos, meter conversas, sorrisos ou gargalhadas, podemos falar do trânsito da manhã, do calor do verão que entra pelo outono, podemos esquecer de falar na saúde ou nos motivos que os fazem estar aqui no lar, mas ela está sempre presente. Nas conversas, no pensamento. A dor física, psicológica, real ou imaginária existe mesmo, habita com eles no mesmo espaço, está incluída na mensalidade, no programa diário. Se eu pudesse, deixava aqui um pouco da minha saúde e transportava a dor e os lamentos numa cadeira de rodas até ao aterro mais próximo...

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