sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Diário de uma Voluntária (21/06/2013)
 
Pela primeira vez, senti-me culpada por estar a ajudar alguém. Senti mesmo que estava a fazer-lhe a maior patifaria do mundo!
Hoje, tive de acordar o Sr Eduardo para lhe dar o jantar. Dormia tão bem e com tanta tranquilidade que logo aí não foi fácil - pensei que, se ele fosse como eu, nunca trocaria uma boa soneca por um jantar... Enfim, teve mesmo que ser! A sopa de legumes lá foi comendo po
rque era tipo caldo e eu estava sempre a dizer-lhe "Sr Eduardo, abra a boca, por favor, só mais esta colherinha..." mas a expressão dele era tal que quase conseguia ler-lhe os pensamentos, quase me sentia corar com o que pensei que ele pensava responder-me... depois da sopa, o pudim de peixe (oh, meu Deus, o pudim de peixe!!!)... Era pudim de peixe no menu, mas muito mal conseguido, aliás, só consegui perceber que era peixe pelo inconfundível odor quando destapei o prato. Pensei que, por minha causa, por causa da minha insistência, o Sr Eduardo nunca mais conseguiria comer peixe no resto da vida ou sentir o cheiro a milhas de distancia... mas talvez não, porque enquanto eu estava distraída com os meus pensamentos culpados, ele comeu tudo e, no final, sorriu e disse que estava bom.
Está visto, a minha medida é sempre diferente da do outro, o que é mau para mim pode até ser brilhante, quando visto por outros olhos... está visto, ainda tenho muito que "crescer" e perceber que o meu mundo redondo tem mais cantos que imagino... (mas, pelo sim, pelo não, peixe é coisa que não entrará no meu menu nos próximos dias...)

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