quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Tenho saudades do meu bairro.  Dos prédios pintados de cor de rosa e amarelo.  Dos passeios largos, com árvores altas.  Das ruas em T, cheias de carros.
Sinto falta das risadas das crianças na escolinha da esquina.   Dos adolescentes com mochilas às costas, à saída das escolas.  Dos caseiros, da Espigasol.  E dos pães de deus da Padaria Portuguesa.  
Tenho saudades das manhãs de sábado nas esplanadas das "docas secas".  Das ruas cheias de gente, mesmo quando não é dia de jogo no Sporting.  Das lojas e dos lugares que um dia foram lojas.  Dos jardins.  Dos passeios a pé ao domingo à tarde.  Dos grafitis nas paredes.
Tenho saudades do pátio.  De as deixar a brincar com os vizinhos e voltar para casa, descansada.  E de vir, de vez em quando, espreitar à porta a ver se estava tudo bem.  
Tenho saudades das festas de aniversário na sala de condomínio, onde cabia a turma inteira.  E que eram sempre motivo de conversa na escola durante muito tempo - ninguém tinha um jardim tão grande como nós...
Conheci outros bairros, entretanto.  Com casas bonitas, com gente simpática, com algumas lojas vazias, também.  Hoje, os meus dias correm tranquilos nesses lugares.  É tudo mais perto, mais calmo, mais simples.  Passei a fazer mais caminhadas a pé e a usar saltos mais baixos.  O meu corpo agradece e dá-se bem por aí.  Mas o meu coração, esse, volta sempre ao lugar onde ainda vivo, por vezes.  
Sinto saudades do meu bairro.  Do céu por entre os prédios, dos jardins floridos, dos passeios com árvores e alguns buracos, também.  Sinto falta do barulho dos aviões e, quem diria, até do cheiro da poluição.  Sinto falta do trânsito.  E dos carros parados em segunda fila.  Das ruas em T.  T de Telheiras.

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