sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

É preciso ter lata!  E muita falta de imaginação, também, para te ires embora assim.  Tu que prometeste ficar comigo para sempre, todos os dias do resto das nossas vidas, vais embora assim, sem mais nada, sem me dares uma explicação, sem te despedires, como quem foge...
Quero dizer-te que não gostei nada.  Os amores são mesmo assim, começam e acabam quando menos se conta, já ouvi dizer que os melhores são aqueles que acontecem na nossa vida quando não procuramos nada, assim como se fossem um presente, e eu estou totalmente de acordo.  Tu foste o meu presente, o mais improvável de todos, o que eu sempre quis e nunca imaginei ter na minha vida e agora deixas-me assim... por ela, ainda por cima!  É preciso ter mesmo muita lata! E muita falta de amor por mim, também.  Deixaste-me triste.  Diria mesmo inconsolável!  E agora?  Que faço com todos os projectos que ainda tínhamos em comum?  Que faço com as minhas mãos que estavam sempre dentro das tuas?  Que faço com os teus livros?  A roupa e os sapatos eu sei que posso sempre dar a quem os use, mas... e os livros?  Todos os que leste e os outros, os que ainda esperam dentro de um saco que os tires de lá.  Que ias comprando, sempre na ideia de os leres mais tarde, quando houvesse tempo para isso... Imagino que se sintam como eu, abandonados.
Não me apetece que mais ninguém me ache bonita, que me diga que não existe mulher mais amada do que eu, em toda a terra, para toda a eternidade.  Não quero ouvir as tuas palavras na boca de outro homem, percebes?   Devias ter pensado em tudo isso antes de te ires embora.  Desta forma, como quem foge, como um cobarde... Mais valia teres-me dito que já não querias mais ficar comigo, que ias iniciar um novo caminho, que me ias deixar para trás.  Ia ser duro, eu sei, mas eu acabaria por entender, por me conformar.  Assim não!  Não é pela tua falta que eu choro (porque eu ainda nem consegui chorar!), mas antes por mim, porque me vão sobrar as mãos, os lábios, o coração.  E o amor!  Sim, porque eu não sou como tu, eu não deixo de te amar só porque decidiste faltar ao prometido e ir embora.  Tu és ainda a minha eternidade, a única forma de viver que eu quero para mim, para sempre.
Não me ouves, eu sei... Já não me ouves e também nunca mais me irás responder.  Como vai ser a partir de agora?  Vou deixar de usar os verbos no plural e pensar só por mim?  Vou manter-te na minha casa como estás no meu coração, presente?  Tenho medo de não ser capaz, de não conseguir, de querer ir atrás de ti e de não te encontrar nunca mais...  Trocaste-me por ela, de repente, sem me teres preparado para isso.  E eu, que tanto te amo ainda, não consegui enfrentá-la e manter-te deste lado, comigo.   Porque eu só te abraçava com o meu amor enquanto ela, a morte, te envolveu na sua escuridão e tu nem deste conta e deixastes-te levar.  E isso não se faz, meu amor!

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