terça-feira, 5 de novembro de 2013


Setembro, 10

Há dias que carregam histórias que vivem na nossa memória para sempre. O dia de hoje é um desses e, por isso, sobressai no calendário dos meses quase tanto quanto o dia de natal. Ou o dia da mãe. Para mim, pelo menos...
Faz hoje anos que eles decidiram juntar os caminhos e dar início a uma história da qual eu vim a fazer parte. Também. Mais de cinquenta anos depois, pouco ficou dessa história a não ser as vidas que ela originou. E as memórias e os ensinamentos que essas vidas ganharam. E as outras vidas que essas mesmas vidas também geraram. O passado e o presente entrelaçam-se e sobrepõem-se como um remendo numa meia velha que, apesar de quase perfeito, permanece sempre lá, visível... sem esse remendo, a utilidade dessa meia ficaria comprometida para sempre; o mesmo é dizer, sem o passado, o presente e o futuro de pouco servem...
Hoje faz também anos que experimentei o sabor da esperança. E da fé. E da dúvida. E, por fim, da desilusão... Perante uma doença que se sabia grave e fatal e depois de uma cirurgia que foi um sucesso, no dizer dos médicos sulafricanos, todos esses sentimentos nasceram nesse dia, exactamente por essa ordem. E ficaram ligados a ele para sempre.
Há dias que temos sempre a lembrança dos mesmos aniversários. Que nos ensinam a seguir em frente e a percorrer o resto do caminho. Como sobreviventes com memórias tristes que nos ajudam a ser pessoas felizes. Por elas, por isso, e, também, pela vida. Até à próxima volta do calendário, daqui a um ano.

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